twitter
rss

Por Lucineyde Picelli.

Em tempos de globalização, de pós modernização, deparamos com a seguinte questão: será que o modelo das relações econômicas, no tocante à terceirização, está sendo implementado nas relações familiares? Observa-se que a terceirização dos serviços tem sido uma opção das empresas, nas sociedades adiantadas, nesses últimos dez anos, que significa qualidade e agilidade na entrega das encomendas.
O ato de terceirizar está definido como o de atribuir/transferir a terceiros as funções que não damos conta, por diversos motivos. A partir desta definição, a pergunta que fica é: será que é possível terceirizar a função de pais?
A história da humanidade aponta que isto não é inédito quando relata os cuidados dos escravos com as crianças, filhos dos senhores, das damas de companhia de príncipes/princesas e a existência das babás. Como foco de reflexão, pergunta-se: é possível terceirizar afeto?
A função nutriz ? É possível terceirizar amor? Como terceirizar aquele contato caloroso que a historia, contada aos pés da cama, proporciona a pais e filhos momentos antes do sono? Um contato que une olho no olho, revela verdades, desvenda os mundos de cada um. Uma presença necessária de comunicação, considerada por vários autores como facilitadora da saúde emocional dos membros da família.
Podem ser terceirizados os jogos e brincadeiras tão importantes e pouco existentes nas famílias atuais? Pode-se perceber que algumas famílias substituíram estes momentos, de fortalecimento dos vínculos, pela programação abusiva da televisão (4 a 300 canais) ou horas intermináveis no computador (relacionando-se virtualmente com outras pessoas).
É possível terceirizar o ato de ler e escrever? Referindo-os aqui ao ato de ler o mundo, aprendendo valores morais, éticos e ao ato de escrever a própria historia à mão, compartilhada com aqueles que aprendemos a confiar, na primeira célula da sociedade, a família. Como terceirizar as primeiras aprendizagens? O prazer de grandes descobertas a dois, a três, a quatro? Falamos de aprendizagem através de modelos. Acreditamos que os pais devem ser modelos de comportamento ético, de solidariedade e sensibilidade.
Como terceirizar colo de pai e mãe? Colo? Aquele carinho tão necessário para derrubar a insegurança e a angustia do crescimento. Que enxuga as lagrimas da perda, para dizer “estou ao seu lado”. É possível terceirizar o afago, a afeição física considerada fundamental para o crescimento emocional saudável? Nossa razão, consciência e inteligência estão sendo usadas em nosso favor ou para beneficiar aqueles que vivem próximos a nós, nossos familiares?
Soluções? Não a temos. Sugestões? Nenhuma. Cada ser humano ao dar a origem a outro ser humano traz consigo o milagre da vida e as receitas estão na soma da intuição, observação e reparação, alem da aprendizagem instantânea que são provocadas pelas experiências. Os pais da realidade pós-moderna sabem quais são suas funções? De que formas podem fazer a diferença na vida dos rebentos, não perdendo de vista a magnitude da missão que lhes foi concedida: re-criar a vida!

0 comentários:

Postar um comentário