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Dizia o antigo ditado popular: “É de pequenino que se torce o pepino”. Hoje, a Neurociência comprova que o nosso cérebro está mais sensível a determinadas oportunidades de aprendizagem, quando somos ainda crianças, com muito mais facilidade do que mais tarde. Ou pelo menos, com muito menos sofrimento...
Quando observamos crianças pequenas, quase sempre nos surpreendemos com sua capacidade vivaz de inserir, reproduzir, serem constantes no que querem fazer, sem se cansar ou desistir: repetem seja o que for, até conseguir dominar aquilo que têm interesse de aprender.
Aos pais, geralmente, isso parece um exagero, mas ficam admirados com a capacidade de perseverança inata de seus filhos e compreendem, até instintivamente, que são esses movimentos internos que, ao se exteriorizarem, lhes faculta a possibilidade de conhecer o mundo, adaptar-se às novidades, avaliar coisas desconhecidas e comunicar-se de muitas maneiras com os outros. Ou seja, usando de seu potencial neurológico para vivenciar experiências é que a criança vai aprendendo e aprendendo a aprender.
Este mesmo ensaio com o exterior vai acrescentando em ritmo assombroso, novas experiências, novas aprendizagens ao cérebro, ao longo principalmente dos primeiros dois anos de vida, cunhando na criança alguns comportamentos que se revelam numa incipiente consciência de si própria, a partir da qual seus anseios pessoais aparecem: é então que ela descobre gradativamente sua individualidade, a qual se faz transparecer na pueril aspiração de tentar dirigir sua própria conduta. Quem não se lembra da época em que os seus filhos, incapazes de sobreviverem sozinhos por uma hora que fosse já apresentam sinais de rebeldia dizendo não a tudo, simplesmente para nos mostrar que possuíam sua própria individualidade?
No princípio, é assim que acontece com todas as crianças saudáveis: inicia-se um processo construtivo de interação com o meio, onde a linguagem entra como uma ferramenta preciosa, usada especialmente pela mãe para administrar a conduta infantil, desde a sua completa dependência inicial até mais tarde, quando já pode ser dispensada porque o jovem adquiriu realmente autonomia e, portanto, responsabilidade pessoal e social.
Nesse meio tempo, justamente quando a mãe ou outro adulto conduz e molda com suas ordens verbais o comportamento da criança de idade pré-escolar, é que algumas confusões acontecem e é bom tentar esclarecê-las.
Apesar de muitos acharem “engraçadinho” a menina que simplesmente decide o que vai vestir com dois anos de idade, seja um top de inverno, ou botas para ir à piscina, é indispensável que os pais comecem a ajudá-la a desenvolver o senso de renúncia às suas vontades quando estas são inapropriadas, pois é a única forma que a criança tem de aprender a discriminar como adequadas ou não as suas pretensões!
E para essa luta interna, vital e inteligente de escolhas (as eternas opções das quais nunca nos livramos durante a vida!), necessitamos que nossos pais nos dêem desde cedo “armas” e nos ensinem a usá-las no dia-a-dia, para nos tornarmos capazes e fortes para aprender a acatar o limite, a norma, a regra, os valores e seguirmos felizes!
A necessidade constante de ajudarmos nossos filhos, por meio de exemplos e experiências diárias, a desenvolverem gradativamente condutas inibitórias dos seus comportamentos inapropriados, especialmente os mais impulsivos, que busca a satisfação imediata e irresponsável de seus desejos, é que vai fundamentar a sua aprendizagem de distinguir e adotar comportamentos adequados ou prejudiciais pelo resto de suas vidas. A nossa avó dizia e a ciência comprova...

Maria Irene Maluf é Pedagoga especialista em Educação Especial e Psicopedagogia.
Revista Educacional

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