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A grande maioria das crianças aprende a falar sem que existam problemas para alcançar sucesso nessa habilidade natural do Homem. Assim também acontece com a escrita e a leitura, que embora sejam atividades impostas pela cultura, são facilmente adquiridas após um período de escolarização e alfabetização.

Muito se fala hoje de dificuldades nessa aprendizagem e realmente essa constitui um problema sério, pois na leitura e na escrita repousam as bases de praticamente todo aprendizado escolar.

Exitem casos, porém, em que a criança domina a capacidade de ler e escrever, mas o faz a contragosto, como se fosse uma atividade de difícil execução, sem prazer, sem vontade. E os pais, preocupados, buscam saídas para resolver o problema e formar bons leitores.
Para começarmos, temos que partir de um pressuposto: o bom leitor se faz praticamente no berço e por dois motivos. O primeiro: o que nos impulsiona a praticar qualquer atividade é a imitação de modelos que temos, especialmente das pessoas que amamos e admiramos como nossos pais, avós, tios, professores. O segundo é aquela maior ou menor facilidade pessoal para uma tarefa. É claro que uma criança que tem transtorno de leitura e escrita, por exemplo, terá muito menos prazer em ler, pois a atividade é custosa, cansativa e, muitas vezes, sem sentido. Mas excetuando-se esses casos extremos, há algumas atitudes que podem e devem ser tomadas desde muito cedo na vida da criançada e que os aproximará de uma forma muito positiva à leitura:
·               Oferecer desde cedo o exemplo. Não basta ter livros em casa: é preciso que a criança assista e ouça seus pais lendo com interesse e que vez ou outra partilhe de uma passagem interessante do que seus pais leram.
·               Ler para seus filhos é uma atitude agradável, mesmo para aqueles pais que se dizem “sem jeito para brincar”. Entre tantas, são aconselhadas notícias de assuntos empolgantes, curiosidades, historinhas, fábulas, pequenas anedotas, textos de interesse da garotada como vida animal, por exemplo.
·               Para os que estão dando os primeiros passos na alfabetização é muito confortante que os pais leiam enquanto eles acompanham, descobrindo o ritmo da leitura, os sons de cada palavra. Mais tarde, pode haver um “rodízio” na leitura: cada um lê um parágrafo.
·               Presentear as crianças com uma assinatura de sua revista preferida é uma forma de vincular o prazer à leitura e aumentar a autoestima. Quem não gosta de receber um presente todo mês?
·               Um cuidado especial é com a forma como se impõe a leitura em casa: existe um “gosto” leitor e este deve ser respeitado. Se a criança prefere ler um tipo de histórias, não há porque contrariá-la sempre. As tarefas escolares por si já a ensinaram a ler o que é necessário. A leitura em casa deve ser principalmente um prazer. Por isso, permitir que a criança escolha na livraria um livro para ela é tão importante.
·               Não vem ao caso que a criança tenha ou não pendores para ser um escritor, mas essa atividade dever ser sempre encorajada pelos pais. Quem escreve, está lendo, mesmo que seja no computador.
·               Não acredite que hoje se lê menos do que no passado. Além da multiplicidade de mensagens publicitárias, muitos filmes que passam na televisão são legendados e a internet oferece um entretenimento a mais nesse sentido. Segundo Rousseau, os jovens do século XVIII têm isso em comum com os do século XXI: não são na sua maioria atraídos pela leitura. E naquele tempo não havia televisão e nem internet....

Maria Irene Maluf, especialista em Educação Especial e Psicopedagogia, Editora da revista Psicopedagogia da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).